Ninguéns
Flávio Machado de Oliveira
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Ninguéns Olha o seu José zanzando ziquezagueando na consolação Os seus pés vão tropeçando nas bestas calçadas feitas de exclusão Os seus passos tinham traços, sobras de Picasso e destruição Os seus olhos eram pastos de desertos, rastros de devastação Olhao seu João girando malabarizando a destruição Os seus olhos vão gritando mas a sua boca era só um vão Era um buraco dentro do buraco denso do seu coração Era um descaso dentro do ocaso da incivilização Dona Maria segue a romaria dos domesticados no avenidão Uma senhora meio Zé não alguém, só porque sem vintém é meio zero e cão Perambulava prenha na augusta feito abandono em multiplicação Eram as pombas cinzas da paulista que abençoavam sua gestação Os anúncios seduzindo e ao mesmo tempo lhes dizendo ?não? A cidade se expandindo e aglomerando tanta solidão É a máquina do mundo e sua manada na escuridão Olha que as mercadorias são estrelas guias dessa multidão Nesse emaranhado doido de vazios todos em germinação A procissão dos mendigos colorindo os vidros do bom cidadão Olha um menino nascendo bem no meio fio, ali na contramão Mas quando o sinal abriu todo mundo partiu na congestionação
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"Ninguéns Lyrics." Lyrics.com. STANDS4 LLC, 2024. Web. 25 May 2024. <https://www.lyrics.com/lyric-lf/2552006/Fl%C3%A1vio+Machado+de+Oliveira/Ningu%C3%A9ns>.
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